segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Palavras

Um dicionário estava confuso. Tinha a cabeça cheia de vocábulos e era preciso alguém para dividir este seu fardo: muito mais que cem palavras.
Um menino entrou no quarto e fez o dicionário sorrir: "Vem cá!". Mas ele não ouviu: estava cheio! Era um menino confuso: era um alguém sem palavras.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Ana andava confusa nestes últimos dias. Estava triste. Horas e horas pensando: sentindo saudades de algo que nunca vivera. Relembrando momentos que só haviam existido em sua mente. Por que...? Era isso, afinal, o que chamavam de viver? Relembrava também o que vivera: nada de mais. Isto a amargurava. Gostaria que sua vida fosse como nos livros que lera em sua juventude....Aqueles que era capaz de passar horas lendo deitada em sua cama. Ou como nos filmes que assistia, ainda que sozinha, em sua casa onde morava, agora, sozinha.

Não sabia onde passaria o final de ano. Neste exato momento, estava sentada na calçada, enquanto a chuva fina molhava seus cabelos compridos. Era como se o céu chorasse as lágrimas que ela não era capaz de derramar.
Alguns papéis molhados em mãos.... Um cartão, um telefone, uma carta, um endereço.... Aquele que ela  não tinha coragem de alcançar... Olhou ao redor. Tudo como devia ser. Sorriu.
Ainda que talvez pegasse um resfriado, não desejava levantar-se daí. Tinha medo de dar o próximo passo. Era natal, mas e daí? Seria difícil de qualquer jeito. Olhou novamente.  Um pouco adiante, a casa branca com janelas vermelhas parecia a mesma...Exatamente como era antes de... Mas as pessoas ali dentro.... teriam mudado?
Pôs-se a pensar. A resposta seria....
Tal.........................................
.................................................................vezzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.....
Sentiu sono. E um grande cansaço....Como se precisasse dormir por horas, talvez dias...Levantou-se. Cambaleou. Vontade de...zzzzzzzzzzz.....Tontura. Os papéis caíram de sua mão. Eles já eram, mas e daí? Deveria voltar outra hora. Ninguem para acompanhá-la até sua casa. Suspirou. Olhou o céu novamente. Escuro e belo, como devia ser. Ouviu risadas vindas de uma das casas. Talvez lá dentro se vivesse alguma das aventuras que tanto imaginava para si. Sentiu pena de si mesma.
Respirou fundo. Voltaria outro dia. É. Seria isto.
Deu alguns passos, e começou o caminho de volta. Tudo outra vez. Mas, diferentemente de uma certa história que conhecia e da qual já nem se lembrava o nome, o fez sem olhar para trás.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

sábado, 24 de setembro de 2011

Poça d'água brilhando

Hoje tocou o telefone. Mas ela não quis atender (não tinha por que). A voz do outro lado só diria aquilo que já estava cansada de ouvir. Só.
Olhando pela janela viu uma coisa rara. Beija-flor ? Arco-íris? Poça d'água brilhando. Como se estivesse sorrindo. Sonho.
Abriu os olhos e viu: o  telefone ainda tocando. Antes pesava... pesadelo... pesando....(!!)
Decidiu atender. Parou. O coração quase parou...Mas vivia.
Ainda.
Pegou a mala e guardou tudo. Saiu para não mais voltar. Repensar? Nem pensar.
Sem pensar: já engolira o veneno.
Abriu a porta e partiu.
Lá fora o sol.
Mas ventava... Depois viria a neblina. Sorrisos, tristeza, palavras...E tudo outra vez.
Tudo...
Mas ela não quis atender.
Teria rido: era engano.

De Fernando Pessoa...

    In: TABACARIA
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. (...)"


Álvaro de Campos, 15-1-1928

sábado, 2 de julho de 2011

Lendo... .... ....

Ando impregnada de Tchekhov estes dias. E isto tem me feito muito bem.
É a minha recomendação a todos: que leiam as obras dele, indubitabelmente, um grande homem.
Por ora é só.